sexta-feira, fevereiro 19, 2010

"Que sorte a nossa hein?"

Hoje eu entendo bem o que quer dizer o verso:

"Todas as cartas de amor são Ridículas. "
do Álvaro de Campos.

Antes eu achava que as cartas de amor eram ridículas porque eram mentirosas, desnecessariamente derretidas, melindrosas e... como posso dizer.... achava que elas carregavam um quê de coisas que desejávamos para um relacionamento. Tipo uma projeção, uma afirmação, uma previsão das coisas. Meio assim ó, vou dizer do meu amado amante que eu o quero tanto e que me faz tão bem seu abraço, quando na verdade, eu ainda desejo que seu abraço seja forte, mas por agora ele é quase a extensão de um aperto de mão sem vida.
Anyway, hoje ao ouvir uma canção, que insistiu em tocar pra mim em diferentes estações de rádio, eu me vi e me vi acompanhada. Eu vi nossa história e me vi cantando para o outro, gritando pra todo lado o que tem sido toda essa experiência pra mim.
Eu me vi. Me vi dizendo. Me vi amando. E sendo ridícula. Mas ridiculamente.... feliz!
E não ridícula de forma pejorativa, era um ridículo tão gostoso de sentir, de ser. Era um ridículo de querer dizer sem conseguir o quanto você faz parte de mim e o quanto eu sinto e gosto de fazer parte de você. Era um ridículo de ter medo de me colocar assim no seu caminho, mas ao mesmo tempo de pouco me importar se isso vai acabar. Um ridículo de não conseguir medir consequências nem querer mesurá-las. De não pensar no futuro, num fim. que futuro? que fim? is that a possibility?
Que ridículo! Claro que é!
Mas só a sorte de já ter encontrado você parece me fazer acreditar em possibilidades mais positivas.

Um ridículo acaso que me fez encontrar o êxtase num momento tão fútil, tão mundano, tão vida. E haja vida. Ao som do mundo, meu corpo no seu. Sempre quis um corpo que bailasse com o meu.
Um ridículo momento de inércia que me fez continuar no embalo e deixar ir. Numa noite fresca de beijos nada pudicos e de pouca coisa que merecesse ser pensada. Era mais vida.
Um ridículo e leve ser, uma tacada de ridícula sorte, encaçapando momentos únicos, com desejos.
Uma ridícula e entrelaçada estrada de aprendizagem. Com tantas surpresas e tanta... sorte. Com tanta paixão. Com tanto desse vc. Uma boa dose de prazer. De um ridículo que dessa vez venceu o medo de ser (ou de não ser?). Mas... "que sorte a nossa, hein?" uffaa....

"Meus beijos sem os seus não dariam
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte

Nesse mundo de tantos anos
Entre tantos séculos
Que sorte a nossa hein?
Entre tantas paixões
Nosso encontro
Nós dois, esse amor."

Ainda Bem, Vanessa da Mata

"Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas."

É Álvaro, Ainda bem, ainda bem....